sábado, 7 de maio de 2011

A IGREJA E A POLITICA PARTIDÁRIA... Parte I



A política está na vida diária do ser humano, aliás, todos nós somos (políticos) e fazemos política, em outras palavras, já nascemos com a política no sangue. O termo política é derivado do grego antigo politéia), que indicava todos os procedimentos relativos à polis, ou cidade-Estado. Por extensão, poderia significar tanto cidade-estado, quanto sociedade, comunidade, coletividade, (wikipédia). Alistamos aqui alguns tipos de políticas: familiar, escolar, estudantil, sindicalista, comercial, eclesiástica, partidária, etc. Por isso é importante sabermos o tipo de político que somos e o tipo de política que estamos praticando ou desenvolvendo no nosso dia a dia. A política nos leva a caminhos diversos: glória e decepção, dependendo em qual estamos envolvidos.



Devemos lembrar que a política em si, é algo saudável, precisamos dela, sem ela o mundo e o universo não funcionaria. Deus é político e por sermos Sua criação, também somos. O problema é; até que ponto somos o político que Ele gostaria que fôssemos e se desenvolvemos a política que Ele quer que pratiquemos, e surge a grande interrogação ou a pergunta chave: “como a igreja pode contribuir na política partidária?” Sou defensor que a igreja não apenas fale, mas dê sua contribuição na política, agora, precisamos saber quando e como contribuir, para fazer diferença e não ser mais um “partido”! Em decorrência da eleição de maus políticos, a política partidária tem se mostrado muito perniciosa e corrupta. Percebo que grande parte dos políticos partidários, tem sua mente voltada para si mesmo e não para o povo e sua melhoria social. Estão preocupados com suas eleições e vantagens, e por conseguinte, estão dispostos a fazer qualquer tipo de acordo, não se importando, se são corretos ou não.


Sua centralidade está em levar vantagem própria, aproveitando-se de um país como o Brasil, com seus péssimos índices de cultura, educação, saúde, segurança pública, habitação, e a corrupção em crescente. Em meio a essa celeuma, tenho analisado o envolvimento da igreja na política partidária. Observo quanto a igreja, uma certa parte dela, está envolvida nesse mundo pernicioso e infelizmente, tem sido um “desastre e acima de tudo vergonhoso”! Porque desastroso e vergonhoso? Analise comigo: não é verdade que muitas das igrejas e denominações juntamente com seus lideres tem se vendido ao estado, em troca de poder ou na compra de objetos e construção de templos? Não é verdade que muitos líderes têm negociado o voto dos membros de suas igrejas, em nome de um apoio a determinado candidato ou partido, e talvez levando vantagem financeira pessoal?



Não é verdade que muitos líderes, igrejas e suas denominações se uniram novamente ao estado, em nome de apoios escusos e que muitos pastores, estão cuidando mais da causa política, do que das ovelhas, indo contra uma ordem de Jesus: “apascenta minhas ovelhas”(Jo 21.17), e também em nome de um cargo político e com a desculpa de representar e defender as causas dos evangélicos abandonaram a ética Bíblica e cristã? E que muitas denominações são verdadeiros currais eleitoreiros onde os púlpitos, não são mais de exclusividade dos arautos, dos mensageiros do Evangelho, que é o Poder de Deus, mas de políticos cheios de iniqüidades, pregando suas ideologias pessoais, mentirosas e ludibriando o povo? Soube de um episódio, nas eleições de 2008.


Um determinado pastor e igreja apoiavam um dos candidatos a prefeito, e alguém (não sei se foi o pastor ou...) profetizou a eleição do mesmo, recebendo de imediato o valor material em troca da suposta profecia. Resultado, o dito candidato ficou em terceiro lugar. Foi então que o “líder pastor” esbravejou no “púlpito” contra sua igreja, afirmando que os irmãos haviam mudado a vontade de Deus, não votando no seu candidato. O cidadão, chamado de pastor se sentiu traído pelas suas humildes e verdadeiras ovelhas, que graças a Deus não cederam à sua atitude iníqua! E mais, não é verdade que muitos shows, ou encontros evangélicos, chamados por muitos de “avivamento”, onde cantores e pregadores considerados de renome nacional têm sido pagos com o dinheiro público? Dinheiro este, que deveria ser investido em melhorias sociais, mas tem servido para sustento de muitas igrejas, denominações e seus comandantes. É importante trazer à lembrança de todos que a Igreja não tem o direito de pedir ou exigir do estado quaisquer sustento financeiro, e nem o estado deve atender a tais pedidos ou exigências. O estado não tem o dever de sustentar nenhum seguimento religioso.


O estado não administra para um grupo religioso, ainda que este seja a maioria, mas o governo é de todos independente do credo religioso, cor, raça, etnia! O estado tem o dever, a obrigação, a responsabilidade de buscar melhorias para o povo, não se importando se é de classe A, B ou C. O estado deve dar ao povo educação, saúde, segurança, locais de lazer de qualidade! O dinheiro público deve ser investido no e para o povo! É para esse fim que o povo elege seus representantes políticos.



A igreja é sustentada financeiramente pela fidelidade de seus membros, ou de alguém que voluntariamente e livremente deseje ofertar e pronto! Isso é bíblico. Igreja e estado estão separados. Igreja e estado possuem esferas diferentes. A igreja é cidadã deste mundo, e por isso deve sujeição às leis de justiça e de bom senso. Mas quando os seus valores e princípios bíblicos são violados pelo estado, esta deve ser firme na sua convicção de Fé, e tomar as mesmas atitudes dos apóstolos, em Atos 4.19,20 “ Mas Pedro e João responderam: julgai se é justo diante de Deus obedecer aos senhores e não a Deus. Pois não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos.”


A igreja deve entender, que a fidelidade por último é para Deus e Sua Palavra. Nossa pátria mais amada é celestial. Devemos dizer não a interferência do estado no seio da Igreja. Devemos dizer não ao dinheiro publico que é oferecido às igrejas em troca de acordos e cargos políticos. Muitos líderes, infelizmente, têm se envolvido com tais acordos. Sempre estamos sabendo de que verbas públicas são usadas para recuperar igrejas católicas, com a desculpa de que são patrimônio cultural, mas o que se percebe é que são locais de cultos (missas). Isso é contra um principio de um estado leigo. “O estado não deve investir em nenhuma religião nem beneficiar culto algum”. São essas e tantas outras coisas que tornam o envolvimento de grande parte da igreja na política partidária desastroso e vergonhoso! Portanto, entendo e sei como pastor batista, que a igreja do Senhor Jesus não é da direita e nem da esquerda, nem mesmo do centro. É de cima! Seus valores são espirituais e celestiais.



Um cristão brasileiro é antes cidadão do reino do céu, por isso o que norteia a sua vida são os princípios do reino celestial, ao qual a sua vida está subordinada. Deus não é brasileiro e nem tem nacionalidade. Apesar de sermos patriotas, devemos discordar do estado, quando este invade área que não é sua. Somos cidadãos como os demais e não devemos esperar tratamento especial. O poder público ( estado) não pode ser patrocinador de nenhuma religião! Que Deus tenha misericórdia de nós! Que sejamos obedientes à Palavra de Deus: “E não vos conformeis com este mundo (sistema anti-Deus), mais transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2).

Pr. Nicomedes Nunes de Souza
Igreja Batista do Quinari
gracabatista18@hotmail.com

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